segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Uma oficineira que sibila e canta

Oficineira Sibila Pessoa usa música e se emociona com histórias sobre obras
Por Tatiana Sant’Anna

Mãos à obra! Este foi o grito de guerra da terceira semana do projeto “Minha rua tem história”, que teve como tema a palavra obra. Tinta, balde, piso, bloco de cimento, enxada, pá foram algumas palavras que estiveram na boca dos alunos que participaram da dinâmica de adivinhação, que ocorreu nesta semana, na oficina realizada na Cacuia.

“Efeito do trabalho ou da ação; trabalho manual; ação moral”, esses são os significados da palavra obra, segundo o dicionário Aurélio. Porém, a palavra obra teve um significado muito mais amplo para os alunos do projeto, que poderia ser reduzido em apenas um vocábulo: emoção.

“Obra é uma coisa que faz parte de todos”, diz a assistente de oficineira, Andréia, que iniciou a oficina de um modo diferente e criativo: usando a música. Do funk ao forró, das cirandas ao pagode, os alunos cantaram músicas de diversos estilos e se divertiram bastante, ao som do lápis, caderno e caneta utilizados nas suas anotações sobre a oficina. O objetivo era produzir som com os objetos que cada um tinha em mãos. “Nós somos os produtores de som”, completa Andréia. Mas não só de som foi a oficina, mas sim, de muita emoção.

“Eu imaginei que seriam histórias de obra mesmo. Mas quando cheguei aqui, escutei histórias de luta, muito trabalho, tristeza, de gente que morreu para construir sua casa, que construiu a sua casa com muita dificuldade ou que ainda está construindo-a e lutando para que esse sonho se realize”, conta a oficineira Sibila Pessoa, emocionada com as histórias contadas pelos seus alunos. E completa: “Eu me identifiquei com cada pedacinho, cada história cotada pelo aluno”.

Tristeza e alegria andaram juntas na semana onde a “obra” foi a estrela principal. E o que não faltou foi história para contar: “A única obra que teve na minha casa até hoje é capinar o morro”, diz a divertida Sueli Silva, de 20 anos. Já para a jovem Danielle Adler, 19 anos, “obra” tem um significado diferente: “Minha casa nunca foi reformada, só pintada. Fico triste, pois não temos dinheiro para consertar minha casa.”

Nenhum comentário: