segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Morta de saudade

Moradora da Cacuia conta história em que roseira morreu
de saudade de sua dona
Por Tatiana Sant'anna

Há sete anos morando no Cacuia, Suelen Moreira dos Santos, de 22 anos, já se acostumou à vida tranqüila do seu bairro e diz: “Não saio daqui por nada”. Suelen está gostando muito do projeto “Minha rua tem história”, pois antes do trabalho realizado nas oficinas, ela já se preocupava com a questão ambiental: “Muitas pessoas derrubam as plantas e não sabem o bem que elas trazem.” O pai de Suelen tem um sítio perto de Magé, em Piabetá, onde ela cresceu e aprendeu a preservar a natureza.

Ela também nos contou que, quando tinha uns dois meses de idade, o pai dela plantou um pé de limão. Com um ano de idade, ela já ia ao pé e pegava limão, pois a árvore era baixinha. Ela cuida das plantas desde criança: “Meu pai plantou um pé de limão pensando em mim. Para um dia eu colher os limões do pé e cuidar.” E completa: “Aquilo lá é meu. Ninguém meche. Não deixo ninguém pegar, tocar no meu pé de limão. Agora meu filho que cuida. Ele pega o limão, leva para casa e faz o suco. Quero ter o privilégio de ver meus netos, bisnetos, cuidando do pé de limão”, diz Suelen toda contente.

Na conversa em frente à casa onde mora, Suelen mencionou uma interessante história que aconteceu com sua sogra, há alguns anos. Ela contou que uma roseira minguou depois da morte de sua dona. E esta roseira nunca mais nasceu novamente. Quem contou essa história foi seu esposo, pois ela não chegou a conhecer a sua sogra. “Muita gente não acredita que a planta tem vida, que gosta do seu dono. E eu acredito nessa história”, revela.
......

O pé de roseira
>> Suelen Moreira dos Santos

Na época, tinha um pé de roseira linda no quintal da Suelen. Era sua sogra que cuidava muito bem dela, conversava, podava... Era o seu xodó. Até hoje, tem a marca da planta no seu quintal. Vivia cheia de flores... Sempre linda.

Certo dia, a dona da roseira adoeceu e junto com ela a planta também. Seu marido ficou desesperado pelo fato de a planta ter adoecido, pois ela era o xodó da sua esposa. Ele fez de tudo para salvar a planta.

A dona da roseira foi para o hospital e o estado da roseira ficava cada vez mais grave. Certo tempo depois a dona morreu e, após a sua morte, a roseira também morreu.

Nunca mais nasceu nenhuma flor. Seu esposo teve que arrancar a planta, pois nunca mais nasceu nada.

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